Tipo de Estudo
Pesquisa Primária
Objetivo da Pesquisa
Identificar e medir o tempo gasto em atividades compartilhadas (entre profissionais da mesma ou de diferentes áreas) pelas equipes da Atenção Primária à Saúde (APS), comparando com o tempo de atividades individuais.
Problema/Lacuna que Soluciona
Apesar do trabalho em equipe ser um pilar da Estratégia Saúde da Família (ESF), não se sabia quanto tempo os profissionais realmente dedicam a atividades compartilhadas versus individuais. Este estudo preenche essa lacuna, medindo o tempo e a frequência das práticas colaborativas para entender como o trabalho em equipe acontece na prática diária da Atenção Primária.
Método
Pesquisadores observaram diretamente 93 profissionais de saúde de cinco UBS em São Paulo durante suas jornadas de trabalho, entre 2021 e 2022. Usando a técnica de 'tempo e movimento', eles registraram todas as atividades realizadas e o tempo gasto em cada uma. As atividades foram classificadas como individuais ou compartilhadas (com um ou mais profissionais). As práticas compartilhadas foram divididas em uniprofissionais (mesma categoria) e multiprofissionais (categorias diferentes).
Público-Alvo
Profissionais de saúde de Equipes de Saúde da Família (eSF), Equipes de Saúde Bucal (eSB) e equipes multiprofissionais (eMulti) da Atenção Primária.
Categoria: Pesquisa em Humanos
Abrangência Geográfica do Estudo
Nível: Municipal
Local: Cinco Unidades Básicas de Saúde (UBS) nos distritos de Campo Limpo e Vila Andrade, na cidade de São Paulo-SP.
Principal Resultado
Cerca de um quarto (26%) do tempo de trabalho dos profissionais da Atenção Primária é dedicado a atividades compartilhadas. A maior parte desse tempo compartilhado (15% do total) ocorre em práticas multiprofissionais, envolvendo diferentes categorias, como em reuniões e trocas de informações sobre casos. Enfermeiros são os profissionais que mais dedicam tempo a essas práticas e que mais interagem com outros membros da equipe.
Contribuição para Saúde Pública/SUS
O estudo fornece dados concretos sobre como o trabalho em equipe se materializa na Atenção Primária, mostrando que as práticas compartilhadas são uma parte significativa da rotina. Essa evidência pode subsidiar a revisão de indicadores de desempenho, que hoje focam muito em produtividade individual (ex: número de consultas), para valorizar e incentivar o trabalho colaborativo, que é essencial para o cuidado integral.
Estágio da Pesquisa
Aplicada em campo
Possíveis Aplicações
Os dados do estudo podem ser usados por gestores para redesenhar indicadores de avaliação das equipes de Saúde da Família. Em vez de focar apenas em metas de produção individual (número de consultas, procedimentos), os indicadores podem incluir métricas que valorizem o tempo dedicado a reuniões de equipe, discussões de caso e outras atividades colaborativas, refletindo melhor o modelo da ESF.
Abrangência da Aplicação
Nacional
O estudo analisa a dinâmica de trabalho das equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), um modelo de organização da Atenção Primária implementado em todo o Brasil. Portanto, os achados e as recomendações sobre como avaliar e valorizar o trabalho em equipe são aplicáveis a qualquer município que adote a ESF.
Cenário de Aplicação
Atenção Primária (UBS)
Recomendações para o Sistema de Saúde
Mudança de Política PúblicaRecomenda-se que os gestores e formuladores de políticas (como o Ministério da Saúde) revisem os indicadores de monitoramento e avaliação da Atenção Primária. Os modelos de financiamento e avaliação, que historicamente focam em produtividade individual, devem ser ajustados para incluir e valorizar as atividades compartilhadas e o trabalho em equipe, que são essenciais para a resolutividade do cuidado.
Limitações e Próximos Passos
Limitações
O estudo mediu o tempo, mas não a qualidade, os objetivos ou a eficácia das interações entre os profissionais. A análise não ponderou as diferenças no número de observações entre as categorias profissionais, o que pode influenciar os resultados. Além disso, não foi possível registrar com quem os técnicos e auxiliares de saúde bucal interagiam em todas as atividades de apoio.
Próximos Passos
Realizar estudos qualitativos ou de métodos mistos para avaliar a qualidade e a efetividade das atividades compartilhadas, indo além da medição do tempo. Investigar como essas interações contribuem para a resolução de problemas e a integração do cuidado ao paciente.
Principais Interessados
Grupos de Aplicação
- •Gestores municipais e estaduais de saúde
- •Coordenadores de Atenção Primária à Saúde
- •Ministério da Saúde (Secretaria de Atenção Primária à Saúde - SAPS)
Financiadores Atuais
- •Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
- •Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS)
Financiadores Sugeridos
- •Ministério da Saúde (DECIIS/SCTIE ou SAPS)
- •Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
- •Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) estaduais
Benefício Já Gerado
Status: Não
Ainda não gerou impacto prático. O estudo é uma análise que gera evidências para subsidiar futuras mudanças em políticas e práticas de gestão.
